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FONTE DA NOTÍCIA: http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/policia-investiga-encontro-de-delegado-com-cesar-tralli-2804
A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo instaurou uma averiguação preliminar para investigar um encontro
do delegado Antonio de Olim com o jornalista Cesar Tralli, apresentador
do SP TV 1ª Edição, telejornal local da Globo.
Em nota, a corregedoria informou apenas que investiga Olim por causa de uma denúncia em rede social. A investigação é secreta. O Notícias da TV apurou,
no entanto, que seu principal objetivo é investigar se o delegado usou
um patrimônio público (um carro) para favorecer os jornalistas da Globo.
Segundo denúncia feita à corregedoria a
partir de uma publicação no Facebook, Olim teria usado um carro da
polícia descaracterizado para transportar Tralli e o também
jornalista Robinson Cerântula, produtor especial do Jornal Nacional, o
que pode vir a ser caracterizado como falta funcional. Tanto a Globo
quanto o delegado negam que Tralli e Cerântula tenham usado o carro da
polícia.
O delegado só foi denunciado porque
parou o carro sobre a calçada rua Haddock Lobo, nos Jardins, um dos
bairros mais nobres de SP, para evitar a enxurrada que corria pela rua e
molharia seus calçados. Indignada com a infração de trânsito e sem
saber que se tratava de um carro da polícia, uma moradora do bairro,
Rebeca Anafe, tirou uma foto e a publicou no Facebook. Seu protesto já
foi compartilhado mais de 1.400 vezes.
Junto com a foto, ela publicou o seguinte relato, no último dia 20:
"Brasil, o país onde todos fazem o que
querem! Estava tomando café na [Casa] Bauducco da rua Haddock Lobo,
esperando a chuva passar, para eu conseguir atravessar a rua (já que os
bueiros não dão conta e desce um rio), quando chegou um carro, parou
embaixo de uma placa 'proibido estacionar' e subiu as duas rodas na
calçada. Desceram três homens para tomarem o cafezinho da tarde deles.
Se um cadeirante quisesse passar, não dava, porque o carro do fofo
estava na calçada. Um deles é o jornalista Cesar Tralli".
Ela continua: "Quando entraram e pediram
para a funcionária secar a mesa do lado de fora para sentarem, eu
falei: 'Senta no carro, já está na calçada mesmo'. Acho que ele não
ligou, ou não ouviu. Depois de 20 minutos, quando a aguaceira tinha
abaixado e eu consegui ir embora, ele [Tralli] estava lá ainda
tranquilo, com o carro na calçada. Parei na primeira esquina, avisei o
policial, mas continuo indignada com a folga do povo brasileiro".
(CONTINUA DEPOIS DA FOTO)
Carro da polícia estacionado sobre a
calçada em frente a placa de trânsito; ao fundo, sentados ao lado do
veículo, Cesar Tralli, Robinson Cerântula e o delegado Antonio de Olim
No dia seguinte, um telespectador
provocou Tralli no Twitter. "Poxa, Cesar Tralli, que brecha!!! Carro na
calçada... Logo você que fala de cidadania!". Tralli, então, negou que
estivesse no carro. "Não tenho nada a ver com o carro.
Eu estava a pé,
meu amigo. E fui embora a pé", respondeu o apresentador do SP TV 1ª
Edição, que uma semana antes repreendera no ar policiais que estacionam
carros da polícia em qualquer lugar.
Questionada no Facebook sobre o
desmentido de Tralli, Rebeca reafirmou que o jornalista estava no carro
da polícia. "Era impossível andar na Haddock Lobo. Nem calçada tinha
quando ele chegou [à Casa Bauducco]. Vai ver ele anda sobre água, abre
mares e eu é que estou doida e o vi saindo de um carro sequinho!",
ironizou.
Cesar Tralli já tem antecedentes de
intimidades com a polícia. Em 2005, esteve no centro de uma polêmica ao
filmar a prisão, pela Polícia Federal, do filho do ex-prefeito Paulo
Maluf, Flávio Maluf. Tralli usava boné e roupas parecidas com a de
policiais e foi confundido com um deles.
A averiguação preliminar, como o nome
diz, é uma investigação inicial. Pode-se tornar um processo
administrativo, resultando em advertência e até demissão, dependendo da
gravidade.
Outro lado
A Globo, assim como Cesar Tralli, negou
que o apresentador e Robinson Cerântula estivessem no carro da polícia.
"Eles estavam trabalhando e chegaram ao local a pé e não usando a
viatura da polícia", informou a emissora em uma curta nota.
O delegado Antonio de Olim disse ao Notícias da TV que
Tralli e Cerântula almoçavam nos Jardins quando combinaram com ele um
café na Casa Bauducco. "Tenho amizade com ele [Tralli]", afirmou.
Ex-chefe da Divisão de Crimes contra o
Patrimônio do Deic, departamento de elite da Polícia Civil e atualmente
titular da Delegacia do Aeroporto de Congonhas, na zona sul, Olim
sustenta que estava nos Jardins investigando uma quadrilha de ladrões de
relógios Rolex. Essa quadrilha, conta, assalta turistas que descem no
aeroporto e se hospedam nos Jardins. Um diretor da Globo teria sido
vítima desses bandidos. Ele usava um carro descaracterizado para não
chamar a atenção.
Olim, que é candidato a deputado
estadual, afirma que quando chegou ao café Tralli e Cerântula já estavam
no local. Admite ter errado ao parar o carro em local proibido e sobre a
calçada. "Mas não dava para descer do carro, a enxurrada era muito
forte. E foi só a roda da frente que ficou sobre a calçada", diz.
ATUALIZAÇÃO às 13h40 de 27/3/2014:
Após a publicação deste texto, a Secretaria de Segurança Pública enviou a seguinte nota:
"Diferentemente do que afirma o texto publicado hoje pelo Notícias da TV,
a Corregedoria da Polícia Civil não investiga o encontro do delegado
Antonio de Olim com os jornalistas de Rede Globo Cesar Tralli e Robson
Cerântula. A apuração preliminar da corregedoria citada no texto se
refere, apenas e tão somente, a uma denúncia de que o delegado teria
parado uma viatura sobre a calçada da rua Haddock Lobo. Ou seja, a
investigação é sobre suposta falta funcional cometida pelo delegado,
que, ao cometer uma possível infração de trânsito, estaria dando mau
exemplo à população. A conversa com os jornalistas não configura
irregularidade, como esta assessoria informou ao colunista por
telefone."