terça-feira, 6 de março de 2012

Funcionário do Hopi Hari operava brinquedo havia 20 dias, diz polícia

 FONTE: G1.COM.BR/SAO-PAULO/




Um dos operadores do brinquedo La Tour Eiffel, do parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo, no interior de São Paulo, disse à Polícia Civil na manhã desta terça-feira (6) que não sabia da existência de uma trava hidráulica da cadeira onde a adolescente Gabriela Nichimura, de 14 anos, se sentou antes de cair de uma altura de 30 metros no dia 24 de fevereiro. A informação é do delegado Álvaro Santucci Noventa Junior, responsável pela investigação sobre a morte da garota. Marco Antônio Tomas Leal é um dos cinco funcionários que operavam a atração no momento do acidente. Ele foi contratado pelo parque havia seis meses e trabalhava no La Tour Eiffel 20 dias antes do acidente, segundo a polícia.
O delegado revelou após o depoimento do operador que o funcionário disse não ter recebido treinamento específico para trabalhar no brinquedo onde Gabriela estava. "Ele disse que leu um manual, com informações gerais das atrações do parque, mas nada focado na atração onde houve o acidente", disse Noventa Junior. Uma cópia do documento foi entregue pelo advogado do funcionário, Bichir Ale Bichir Junior, à polícia na manhã de segunda-feira (5). OG1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do parque sobre o conteúdo do manual, mas até a publicação da reportagem, não houve retorno.
Foto mostra Gabriela Nichimura em brinquedo do Hopi Hari, em Vinhedo, antes do acidente (Foto: Arquivo pessoal/Divulgação)Foto mostra operadores de brinquedo e a  família
de Gabriela (Foto: Arquivo pessoal/Divulgação)
O advogado do parque, Alberto Zacharias Toron, trabalha com a hipótese de que algum funcionário do local tenha aberto a trava do sistema de segurança do brinquedo La Tour Eiffel dois dias antes do acidente. A trava, segundo Toron, deveria impedir que o visitante levantasse o colete de proteção do assento para sentar na cadeira, que não era usada há mais de 10 anos. De acordo com o advogado, a borboleta da trava pode ter sido aberta durante uma manutenção de rotina e não foi retravada no fim dos trabalhos. "O sistema de segurança que deveria permanecer travado para ninguém sentar na cadeira ficou aberto e permitiu que no dia uma pessoa pudesse sentar no assento que estava inativo", defende Toron.
O advogado já havia admitido na quinta-feira (1º) que houve falha humana no acidente. O assento onde a menina ficou havia sido interditado há dez anos por questões de segurança, pois algum turista sentado de forma inadequada poderia bater as pernas na estrutura na parte final da descida do brinquedo, também conhecido como "elevador". "O parque reconhece que houve um erro dos técnicos de manutenção que habilitaram indevidamente uma cadeira que não deveria ser habilitada, seja ainda concomitantemente das pessoas que fazem atendimento operacional e que deveriam ter verificado que a trava não funcionava. O Hopi Hari reconhece isso", disse o advogado do parque.
O operador Marco Antônio Tomas Leal também informou à polícia nesta terça-feira que não se atentou ao fato da adolescente estar sentada em uma cadeira que estava inativa há dez anos. Ele aparece em uma foto em frente ao carrinho onde a adolescente estava com a família momentos antes do acidente, mas segundo o delegado, no momento em que a imagem foi registrada, ele passava em frente aos visitantes para verificar outro bloco de cadeiras.
EsclarecimentosO delegado e os promotores do Ministério Público de Vinhedo que acompanham o caso, Ana Beatriz Vieira e Rogério Sanches, também devem ouvir outros depoimentos nesta semana, mas não revelaram os nomes de quem será convocados e os dias em que serão ouvidos. Rogério Sanches informou também na segunda-feira que vai convocar para o presidente e os dois vice-presidentes do parque. O Fantástico de domingo (4) mostrou uma entrevista com o vice-presidente, Cláudio Guimarães. O executivo admitiu que a morte da adolescente se deu após uma 'sucessão' de falhas.
Já prestaram depoimentos à Polícia Civil e ao Ministério Público, os familiares da adolescente Gabriela Nichimura, funcionários e o diretor de manutenção do Hopi Hari.
Crea investiga responsabilidades
Dois engenheiros que são responsáveis pela área técnica do parque foram notificados por uma Comissão de Ética do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-SP), que apura as responsabilidades pelo acidente. Agentes do Crea-SP também participam do processo de vistoria nos brinquedos, previsto no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
A informação sobre os funcionários foi confirmada pelo Hopi Hari, que disse que irá atender ao conselho no prazo estipulado pelo órgão. O parque recebeu o pedido de esclarecimento na sexta-feira (2). O Crea-SP não repassou detalhes sobre encaminhamento enviados aos engenheiros e as possíveis punições.
Parque fechadoO parque deve ficar fechado até o dia 11 para uma força-tarefa de vistoria, mas o período pode ser prorrogado por mais dez dias para as investigações. Além do Crea-SP, acompanham os trabalhos os promotores Rogério Sanches e Ana Beatriz Vieira, bombeiros e agentes do Instituto de Criminalística (IC), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Uma reunião com todos os envolvidos definiu o cronograma das investigações e reuniram documentos técnicos e manuais das atrações. Segundo Sanchez, foi feita uma simulação no Tour Eiffel e o brinquedo interditado desde o acidente voltou a ser ligado. Sanches analisa a possibilidade de pedir que a diretoria do Hopi Hari responda criminalmente pela morte da adolescente.
Brinquedo La Tour Eiffel que está interditado desde o acidente (Foto: Reprodução EPTV)"Elevador" está interditado desde o dia 24, quando
ocorreu o acidente (Foto: Reprodução EPTV)
Segundo o chefe do Laboratório de Estrutura do IPT, Sergio Inácio Ferreira, serão inspecionados os brinquedos que oferecem mais riscos e atingem maiores velocidades.

No fim da semana passada, o Hopi Hari reconheceu que foi um erro permitir que a adolescente sentasse em uma cadeira desativada há dez anos. De acordo com as investigações da polícia e da promotoria, o dispositivo de segurança da atração abre durante a descida.

A família de Gabriela informou que pretende processar o Hopi Hari em R$ 2 milhões por danos morais e materiais. A defesa também vai pedir à Prefeitura de Vinhedo, por falha na fiscalização, mais R$ 1 milhão
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Mesmo com escolta, caminhão resiste em deixar distribuidora, diz PM

 FONTE: G1.COM.BR/SAO-PAULO/



Gabinete de gerenciamento de crise se reúne em SP (Foto: Luciana Bonadio/G1)Gabinete de gerenciamento de crise se reúne em SP (Foto: Luciana Bonadio/G1)
A Polícia Militar realizou seis escoltas de caminhões-tanque carregados com combustível até as 16h30 desta terça-feira (6) para garantir o abastecimento de serviços essenciais durante o protesto por causa das restrições de circulação de caminhões na Marginal Tietê, iniciadas nesta segunda-feira (5).
O gabinete de gerenciamento de crise foi acionado para monitorar a situação e coordenar essas escoltas. Segundo o major Marcel Soffner, porta-voz da PM, mesmo com a garantia de escoltas há a resistência dos proprietários de caminhões em deixar os pátios das distribuidoras.
Até o fim da tarde, cinco escoltas haviam saído de um centro de distribuição na Avenida Presidente Wilson para os seguintes destinos: Mauá e Suzano (para serviços essenciais das prefeituras); Sapopemba (para o serviço de coleta de lixo); Praça Alberto Lions (para bomba de abastecimento da CET); Bom Retiro (para uma bomba de abastecimento da Prefeitura de São Paulo). A sexta escolta saiu por volta das 16h30 de Paulínia, no interior de São Paulo, com três caminhões-tanque para o abastecimento do Aeroporto de Congonhas. Outros três caminhões sairão do mesmo município à noite, para garantir a necessidade diária do aeroporto.
O porta-voz da PM disse que é “muito pouco”. O major Soffner afirmou, durante entrevista coletiva na sede do Comando de Policiamento da capital paulista, que alguns proprietários de caminhões temem deixar os centros de distribuição. “Desde a parte da manhã, houve resistência dos proprietários de caminhões”, disse. Segundo ele, a prioridade das escoltas são os serviços essenciais, como bombeiros e polícia, além do transporte rodoviário e aeroviário. Mas existe a possibilidade de escoltas para garantir o abastecimento de postos também.
Participam do gabinete de gerencimento de crise representantes do Comando do Policiamento da capital, do policiamento rodoviário estadual e federal, da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), da SPTrans e do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).
Eles iniciaram a reunião às 8h desta terça-feira. Segundo a PM, é o sindicato que dá as coordenadas sobre quais as necessidades de escoltas para os serviços essenciais. “Nosso foco é justamente dar garantias para que o combustível chegue onde deve chegar. Se há vontade de trabalhar, vamos garantir que haja condições para isso”, disse Soffner.
Ele disse que helicópteros da PM sobrevoaram os centros de distribuição de combustíveis na capital paulista e na Grande São Paulo e verificaram que os caminhões não deixaram os pátios. “Há uma resistência por parte dos proprietários de saírem mesmo com escolta policial. O produto existe, as máquinas estão prontas, mas os caminhões não saem da base de distribuição”, afirmou. Ele pediu à população que faça denúncias sobre eventuais ameaças contra os proprietários dos caminhões pelo telefone 190. O major não descartou o uso de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça caso haja alguma informação concreta sobre ameaças.
Filas são formadas em postos de combustíveis (Foto: Cristiano Novais/CPN/AE)Filas são formadas em postos de combustíveis (Foto: Cristiano Novais/CPN/AE)

Postos aumentam preço e registram falta de combustível em São Paulo

 FONTE: G1.COM.BR


Fila em posto de combustível na noite desta terça-feira (Foto: Luciana Bonadio/G1)Fila em posto de combustível na noite desta terça-feira (Foto: Luciana Bonadio/G1)
Postos de combustíveis da capital paulista sentiam nesta terça-feira (6) o reflexo da manifestação dos motoristas de caminhões-tanque, que deixaram de realizar o transporte da carga em protesto contra a restrição de circulação desses veículos na Marginal Tietê, iniciada na segunda-feira (5). Alguns estabelecimentos, inclusive, aumentaram o preço dos combustíveis. Outros estavam com os estoques de gasolina no fim ou já registravam falta do produto nesta noite.
Os motoristas enfrentavam filas no início da noite em dois postos da Avenida Rubem Berta, na Zona Sul de São Paulo. Em um deles, os atendentes avisavam os clientes sobre a falta de gasolina. Havia apenas uma bomba com álcool. Em outro posto, bem ao lado, ainda havia um pouco de gasolina e uma enorme fila. “Levei meia hora para conseguir abastecer”, disse o engenheiro aposentado Márcio Davini, de 66 anos.
O programador de mão de obra Diego Eugênio dos Santos, de 29 anos, passou por quatro postos da Marginal Tietê até finalmente conseguir abastecer sua moto, em um estabelecimento na Avenida do Estado. “Eu parei em quatro postos e nenhum tinha, desde a Ponte do Piqueri."
Em outro estabelecimento próximo dali ainda havia combustível, mas o motorista precisava desembolsar mais pelo produto. O gerente Marcel Uehara, de 29 anos, disse que o preço da gasolina subiu de R$ 2,44 para R$ 2,89 e o álcool, de R$ 1,74 para R$ 1,99 o litro. “Está para acabar e, enquanto não tiver, [o preço] vai fica assim. Dá para hoje e amanhã [quarta-feira] cedo”, afirmou.
Posto aumentou preço dos combustíveis em SP (Foto: Luciana Bonadio/G1)Posto aumentou preço dos combustíveis em
São Paulo (Foto: Luciana Bonadio/G1)
O taxista Luís Cláudio Mendes, de 33 anos, disse que pagou mais caro pelo álcool nesta terça-feira em um posto na região central de São Paulo. Ele contou que o produto costumava custar R$ 1,79 e passou para R$ 2,09 o litro. Como depende do combustível para trabalhar, o taxista confessou estar preocupado com a situação. “Eu vou caçar um posto à noite para encher o tanque e um galão.”
A Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de São Paulo informou que irá investigar as denúncias de aumento abusivo de preços de combustíveis por conta do protesto. Segundo Paulo Arthur Góes, diretor-executivo do Procon-SP, a escassez de combustível não é motivo para o aumento dos preços. Em nota, o órgão pediu para que os cidadãos que constatarem aumento abusivo em postos da capital relatem o ocorrido pelo site da fundação ou pelo telefone 151.
Em um posto de combustíveis na Avenida 23 de Maio, o preço continuava o mesmo, mas a gasolina disponível estava quase no fim por volta das 18h. O atendente Johnny Oliveira, de 28 anos, disse que havia apenas 800 litros de gasolina comum para a venda. Ele contou que o movimento foi intenso durante todo o dia. “Eu não parei um minuto, nem almocei”, contou.
Serviços essenciais
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP), caminhões passaram a abastecer nesta terça os serviços considerados essenciais – hospitais, Samu, bombeiros, polícias Civil e Militar, coleta de lixo e aeroportos. Empresas de transporte público não foram incluídas no abastecimento. Excluídos esses serviços, todo o restante do abastecimento está parado. O abastecimento aos pontos considerados essenciais está sendo feito apenas com a quantidade necessária para um dia.
O vice-presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) informou que a categoria entrou em contato com a Secretaria Municipal de Transportes para pedir que a restrição seja suspensa no período da manhã, apenas na Marginal Tietê. “Precisamos de uma válvula de escape para todos os caminhões. Depois, em um período de 120 dias, poderia ter um acordo, um aumento gradativo”, disse Claudinei Pelegrini vice-presidente da Abcam.
Em nota, o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes) disse que as associadas "estão se empenhando, com o indispensável apoio de escoltas da polícia, para retomar algumas operações de entrega de combustíveis, a partir de suas bases de distribuição na Grande São Paulo".
"As distribuidoras do Sindicom reiteram seu compromisso com o abastecimento da cidade, mas ressaltam que, apesar do engajamento das equipes da PM, têm encontrado grande dificuldade em mobilizar transportadores e motoristas a realizar estas operações, em função dos diversos ataques, agressões e intimidações realizados por manifestantes", disse o sindicato.