quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Operação na Cracolândia já contabiliza mais de 200 presos

26 DE JANEIRO DE 2012.


Evento foi organizado na sede da OAB (Foto: Letícia Macedo / G1)Evento foi organizado na sede da OAB
(Foto: Letícia Macedo / G1)
A secretária estadual da Justiça e Defesa da Cidadania, Eloísa de Sousa Arruda, afirmou nesta quinta-feira (26) que 165 pessoas foram presas suspeitas de tráfico de drogas desde o início da ação integrada na região conhecida como Cracolândia, no Centro deSão Paulo. Outros 47 foragidos também foram recapturados. Ao todo, 212 pessoas foram presas durante a ação. O balanço foi apresentado durante uma mesa redonda na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo.
Segundo o balanço divulgado nesta manhã pela secretária, até esta quinta foram feitos 939 encaminhamentos para serviços de saúde. Ela disse que o número não se refere necessariamente ao número de pessoas encaminhadas a tratamentos, porque um dependente químico pode ter tido nesse período mais de um contato com os serviços de saúde. O número de internações é de 126 pessoas.
Maior integração‘Cracolândia não existe mais’
Eloísa defendeu a ação no Centro da capital, considerada por ela “um sucesso”. “Nunca tivemos dúvida de que seria necessária intervenção da PM.” Embora ela não negue a dispersão dos usuários de drogas, Eloísa declarou que a “Cracolândia não existe mais”. “Os pontos de concentração de traficantes, criminosos e usuários serão acompanhados. Outras intervenções policiais podem ser necessárias, objetivando a prisão de dos traficantes”, disse.

A Polícia Militar disse que 400 pessoas perambulavam pelas ruas da Cracolândia. Porém, 2 mil pessoas chegavam a passar pela região ao longo do dia, principalmente nos momentos em que os traficantes chegavam com os entorpecentes.

A secretária negou que ação não seja integrada. “A ação não foi desarticulada e tomada de supetão. Ela foi muito bem pensada.” Segundo ela, várias secretarias estaduais e municipais participaram do seu planejamento nas áreas de Cultura, Saúde e Segurança.
O desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo Antônio Carlos Malheiros, que também participou da mesa redonda, afirmou que espera uma integração melhor na ação. “Estamos nos articulando para que, desta vez, trabalhemos todos juntos e não em operações em que uns atropelem os outros.”
Segundo ele, a Justiça não foi comunicada do início da operação policial em 3 janeiro deste ano. “A ausência do Poder Judiciário, do Ministério Público e Defensoria Pública durante a operação deixou em desamparo os usuários”, afirmou. Para o desembargador, a ação começou contra os traficantes, mas se voltou contra os usuários.
Bases comunitárias
O responsável pela operação da Polícia Militar na Cracolândia, coronel Pedro Borges, também participou da mesa redonda e falou sobre os pontos que provocaram mais polêmica durante a ação, como a utilização de bombas de efeitos moral e possíveis excessos.

Para o coronel, a utilização de armas não letais foi tecnicamente adequada e constituiu a única maneira de abordar a massa de dependentes. Em grupo, as pessoas costumam ter comportamento diferente, disse. Segundo ele, é “ingenuidade” acreditar que conversando a polícia poderia fazer esse elevado número de prisões. “Precisávamos usar a força”, afirmou.

Segundo ele, até o momento dois inquéritos foram instaurados para apurar se houve abuso. Um deles se refere ao caso de uma adolescente que teve um ferimento no lábio provocado por um disparo de bala de borracha. No outro, uma pessoa teve ferimentos leves ao ser atropelada por um carro da polícia. “É possível que tenha havido [abuso]. Até o momento, não recebi nenhuma denúncia. Gostaria que chegasse às minhas mãos”, afirmou o coronel, responsável pela apuração das denúncias.

Para garantir o policiamento na região, impedir que os dependentes voltem a se instalar e que os agentes sociais continuem a atuar, Borges declarou que três bases da Polícia Comunitária serão instaladas na região nos próximos 15 dias na região da Cracolândia.
Para o coronel, a polícia não acreditava que, desde o início, a ação pudesse acabar com o tráfico. “Não tínhamos essa pretensão nem essa ingenuidade, mas a estrutura logística [da venda de drogas] foi quebrada", disse.
FONTE: G1.COM.BR/SP

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